As calcinhas do Crato
Não se sabe quantas eram as mulheres daquela casa. Se eram novas ou velhas, se santas ou pecadoras.
A única paisagem deixada dia a dia, misteriosamente, era a das calcinhas penduradas. Agarradas ao arame farpado, como se o sol trouxesse a redenção de dias, enclausuradas à sombra e umidade.
Nunca se viram os rostos, nem a cor das peles sequer. Não plantavam nem colhiam, não compravam...
Vagavam pelas sombras, aleatoriamente por toda madrugada... As mulheres invisíveis do Crato.
Ninguém jamais as viu. Pelo menos de calcinhas!
ResponderExcluirPosso arriscar que se trata de um bordel barato, destes de beira de estrada, e com muita gente "trabalhando".
Gostei demais do seu blogue. Parabéns pelos textos.
ResponderExcluirCada peça uma palavra... Todas juntas em um clique mágico e temos uma poesia plena sem que nenhuma palavra precise ser escrita...
ResponderExcluirA primeira sensação entre texto e imagem: UM SILENCIOSO PROTESTO À MEMÓRIA DO CINTO DE CASTIDADE.
ResponderExcluirTalvez pelo arame farpado... Talvez por tamanha invisibilidade, ao que, a palavra remete.
É um "imenso" micro conto.
Parabéns!
Obrigada Gulla, Alexandre, "Umas palavras" e Graça. Escrever é quase uma necessidade e tenho amado aliar texto e imagem... O retorno é sempre um estímulo a mais para continuar meu caminho.
ResponderExcluirBeijos no coração.