Dica de livro - O diabo, de Tolstói

DICA DE LIVRO - Tóstoi fala por si mesmo, não precisa de apresentações, se alguém não conhecê-lo, pelo menos uma de suas obras com certeza já ouviu falar, como "Anna Karenina", ou já pode até ter assistido ao filme. Navegando por páginas que falam sobre livro de contos, vi essa indicação abaixo e repasso para os leitores de nosso Com Conto, obras que merecem sua atençao! Boa leitura!

 


 Existem obras excelentes e existem edições sensacionais. E um não tem necessariamente a ver com o outro. Nesse caso, como que constituindo uma exceção maravilhosa, há uma união rara – O diabo e outras histórias é um ótimo apanhado de contos de Tolstói, cujo valor artístico é inquestionável; e, como tudo que a Editora Cosac Naify assina, tem um toque majestoso de livro feito com capricho e cuidado, com revisão exemplar, capa bonita, margem estudada, folha de rosto impecável. Essa junção constitui, portanto, uma preciosidade, e não consigo imaginar um volume melhor para, em ocasiões realmente especiais, presentear quem se gosta. Não muito conhecida, a compilação de histórias curtas satisfaz plenamente aos amantes da literatura, somando-se a isso, claro, uma apresentação impecável.
O diabo e outras histórias foi traduzido por três alunas do curso de Letras/Russo da USP, sob orientação de um professor já consagrado. A Cosac Naify, como não poderia deixar de ser, aceitou publicar a obra. Resultado: a segunda edição está esgotada na maioria das livrarias. E com razão. (Um adendo: que coisa maravilhosa que deve ser cursar Letras/Russo.)
Cinco histórias compõem o volume. A primeira – Três Mortes – é, sem dúvida, a mais simples de ler e interpretar. Versa, como o título já nos esclarece, sobre três mortes: de uma senhora “católica”, de um cocheiro e uma árvore. Cada um no seu nicho. A segunda (Kholstomér), muito triste, nos conta a trajetória sofrida de um cavalo malhado, e bem pode ser tomada como uma alegoria da burguesia da sociedade russa da época. A terceira dá título à edição – O diabo – e é, em última instância, perturbadora. Ao lê-la, estamos diante das dúvidas, anseios, angústias e desejos de um senhor de terra que, depois de casado, apaixona-se, ou antes fica obcecado, por uma camponesa com quem mantinha relações antes do matrimônio. Os finais – são dois possíveis –, trágicos, não devem nada para as melhores tragédias gregas. O quarto conto é talvez o mais complexo (de título Falso Cupom): complexo de interpretar e complexo até mesmo de ler. Uma intrincada série de acontecimentos mesquinhos gera uma bola de neve de consequências. O leitor se vê diante, então, de vários questionamentos sobre a moral. O último conto, Depois do baile, trata sobre um apaixonado que enxerga uma cena bizarra que, de alguma maneira, remete à mulher que ama; também este curto enredo suscita uma teia de discussões, e nos leva a um emaranhado de conclusões possíveis.
Com prefácio de Paulo Bezerra (que tira muito do brilho das histórias, antecipando finais, e, portanto, recomendo que se faça sua leitura após a dos cinco contos) e apêndice bastante técnico de Victor Chklóvski, a obra não deve nada – nada mesmo! – a edições de colecionadores.
Ela é ótima para quem quiser começar a encarar os russos e para quem já está cansado de ler aqueles nomes cheios de consoantes. É boa para os que já têm afinidade com o mundo da literatura e para os que estão na metade do caminho (para iniciantes, entretanto, talvez não seja aconselhável).  
Recomendo para quem quiser causar boa impressão com um presente digníssimo, e para quem quiser uma leitura de qualidade inquestionável.
Ma-ra-vi-lho-so. Isso diz tudo.
fonte:http://www.diariodecanoas.com.br/blogs/livros-abertos/320888/o-diabo-de-tolstoi.html


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